segunda-feira, 30 de agosto de 2010

HISTÓRIA DA IGRAJA NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES - POVO NOVO

HISTÓRIA DA IGREJA DO POVO NOVO
NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES – POVO NOVO – RIO GRANDE
Diego Noda dns_noda25@yahoo.com.br

A Igreja do Povo Novo surge no período da invasão espanhola do Rio Grande de São Pedro (RS) entre 1763 e 1776 mais precisamente no ano de 1774 segundo os relatos de antigos moradores do distrito, e a sua primeira sede estava localizada no assentamento à margem da estrada da Palma, onde os espanhóis colocaram os colonos portugueses que não conseguiram retirar-se após o domínio da coroa espanhola. Nesse primeiro momento a Igreja, que não passara de uma rudimentar capelinha surge como Nossa Senhora das Mercês, nome em espanhol que significa Nossa Senhora das Necessidades. Após a retomada das terras pelos portugueses a localidade de Torotama que já existia anteriormente, recebeu a maior parte das famílias portuguesas, formando o Povo Novo nas terras pertencentes a Manoel Fernandes Vieira, aparecendo com o Nome de Pueblo Nuevo de la Torotama devido a recente influencia espanhola. Alguns desses portugueses e outras famílias foram habitar num novo lugar duas léguas distantes e aí edificaram uma casa para nelas celebrar missas e administrar sacramentos. Por provisão de 07 de fevereiro de 1784 é criada a Capela Curato de Nossa Senhora das Necessidades do Povo Novo, tendo como capelão o Padre Manoel dos Santos Rezende nomeado em 05 de dezembro de 1785.
Construída em estilo Açoriano, ampla e alta para o tempo e lugar, feita de tijolos cozidos e ereta no ponto mais elevado do terreno, em forma de cruz plantada no chão, sua inauguração foi feita como missa cantada e “Te Deum Laudamus”, e festejos externos na praça com leilão de prendas e iluminação de tigelinhas.
Em 1795 foi elevada a Curato dependente da Matriz de Rio Grande (a Igreja de São Pedro) e promovido cura o Padre José Monteiro. Quando se tornou independente ficou encarregado o Padre Manoel José Ferreira Guimarães, sucedendo-se a ele em 20 anos, 10 curas principalmente no período da revolução Farroupilha.
No dia 23 de julho de 1803 , foi batizado na pia batismal da Igreja Nossa Senhora das Necessidades o menino Antônio de Souza Netto, filho de José de Souza Netto e de Teotônia Bruna. Anos depois Netto engajou-se nas forças revolucionárias para lutar, pela província e tornou-se um herói da Revolução.
Em 1804 poucos anos depois da abertura da Igreja, a ela voltaram o casal de negros africanos livres Manoel Ventura e Joana Dias para render a Nossa Senhora das Necessidades por lhes ter dado uma filha livre a qual foi batizada nesta mesma Igreja com o nome de Polocena Maria Dias, sendo que com o passa do tempo perdeu o segundo prenome e começa a ser chamada de Polcena Dias, que entra para a história como a mãe de Marcílio Dias.
Por lei da assembléia provincial de 05 de maio de 1846, Povo Novo é elevado a Paróquia e o primeiro pároco nomeado foi em abril de 1847, o Padre Raimundo Tarrago. O pároco mais importante foi o padre Estevão Semiglia nomeado em 27 de outubro de 1856 e confirmado em 1863 por Dom Sebastião Dias Laranjeira que em junho de 1863 cria a vara Eclesiástica do Povo Novo. O Padre Estevão Semiglia continua gozando a estima dos paroquianos, até que em 1869 foi assassinado.
Em 12 de dezembro de 1913, a capela deixa de ser paróquia sendo transferida pelo Bispo de Pelotas Dom Francisco de Campos Barreto, para a Igreja da Penha no nascente distrito de Júlio de Castilho, atual Vila da Quinta. Em 1922 os padres Josefinos vão embora e a Igreja fica abandonada, sendo que de vez em quando vinha algum Padre de Pelotas ou de Rio Grande rezar missas e fazer batizado.
Desde outros tempos já se costumava celebrar a festa do Divino Espírito Santo, um tradição trazida pelos portugueses a esta região. A grande e última festa do Divino Espírito Santo, na Igreja do Povo Novo, ocorreu em 22 de março de 1942, tendo como juízes festeiros o: Sr, Paulo Coutelle Filho e sua esposa Sra. Leotina Nunes Coutelle sendo calculada a presença de mais de 5000 pessoas. Foi um tarde de festa e apresentações, pois por ocasião da 2º guerra Mundial, nesse dia os alemães afundaram 3 navios brasileiros. Esta festa foi abrilhantada por duas bandas sendo uma delas a do 9º Regimento de Infantaria de Pelotas. (Fato contado pelo Sr. Alcides Rodrigues da Silva, que foi o pajem desta festa, tendo ele apenas 13 anos de idade, morador do Povo Novo).
Anos depois desgastada pelos anos a Igreja de Nossa Senhora das Necessidades, necessitava de uma reforma e segundo as atas da Câmara Municipal, o telhado estava arriado, imagens defeituosas e precisando de 5 banquetas completas para os 5 altares e a reclamação de que os 6 contos de réis decretados pela Assembléia Provincial ainda não havia chegado.
Em maio de 1945 a Igreja foi fechado após a missa em ação de graças pela vitória das nações unidas, pois oferecia riscos de desabamento, até que em 19 de fevereiro de 1948 uma grande campanha de donativos para a reconstrução da Igreja ganha os município de Rio Grande e Pelotas, estando à frente Dr. Miguel de Castro Moréia presidente, Sr. Paulo Coutelle Filho, tesoureiro é o Sr. Bomdilio Azevedo, secretario os quis faziam parte da comissão da reforma da Igreja. As obras de demolição lateral da Igreja iniciaram em 8 de novembro de 1948, conservando a fachada original e obedecendo ao mesmo estilo e tipificação arquitetônica.
A reconstrução levou dezessete meses e vinte e dias para ser concluída,a te que no dia 28 de abril de 1950 às 16h a obra foi entregue pelo construtor Sr Oscar Rodrigues de Carvalho, que vem a falecer meses após se concluída a reforma. “Voltaram a soar os sinos no Povo Novo. Sobe às escadas do campanário o Sr. Mais idoso, Manoel de Oliveira, para tocar a Ave Maria” (informação Sr. Alcides Rodrigues).
“Lá está no alto da fachada de nosso Templo aquele significativo losângulo 1784 -1950. Duas épocas, duas grande batalhas. Tudo levando à posteridade a luta pela conservação do nosso mais caro monumento histórico o teto sol o qual humildes trabalhadores dos campos vão levar suas preces ou cantar seus hinos de louvor pelas bênçãos recebidas do céu. “(trecho do relatório de conclusão da obra, feita pelo secretário da Comissão Sr. Boubilio Azevedo).
Em março de 1961 realizou-se uma das maiores festas em homenagem à padroeira da quase bicentenária Igreja , sendo festeiros os Srs. /domingos Cerciário e Bento Ernesto Gonçalves os quais organizaram a programação da festa que contou com a missa pela manhã, procissão que teve lugar às 14,30h fazendo o trajeto da Igreja à estação, (época que todas as imagens eram conduzidas na procissão) tendo o acompanhamento da Banda União Democrática de Pelotas. Á tarde o Sr. Bispo de Pelotas Dom Antônio Zaterra ministrou a um de crianças o sacramento do Crisma e ainda houve festa na praça.
Em Julho de 1962 a então Paróquia de Nossa Senhora da Penha – Quinta passou a ter um pároco, padre Lauro Perch o qual trabalho na região até 1969, quando assumiu o padre italiano João Batista Cosali. No ano de 1981 a paróquia foi assumida pelos freis Capuchinhos, sendo o primeiro pároco franciscano Frei Antônio Parisotto.
Os 200 anos da Igreja de Nossa Senhora das Necessidades foram celebrados no ano de 1984 junto com a padroeira. Neste dia todos aqueles que haviam sido festeiros nas festas anteriores o foram novamente. Pela manhã houve missa solene, à tarde procissão e festa na praça.
Foi realizada em julho de 2000 a 1º festa de São Cristovão, em homenagem aos motoristas e agricultores. Pela manhã foi celebrada por Dom José Mário Stroeher e a missa jubilar, e ministrado a um grupo de jovens e adultos o sacramento do Crisma. A tarde foi realizada a procissão motoristas e após domingueira.
No dia 20 de julho de 2003, Povo Novo comemorou o Bicentenário do Batizado de seu filho mais ilustre, o General Antônio de Souza Netto que foi batizado na pia de pedra bruta ainda presente nesta Igreja e que serve de elo entre o passado e o presente. As comemorações iniciaram às 9,45 mim com uma aula pública de sua vida e inauguração de um cartaz didático em homenagem na coordenadoria distrital, em seguida descerrada uma placa no busto do herói pelo prefeito municipal Sr. Fábio de Oliveira Branco, demais autoridades, CTG Antônio de Souza Netto, CTG Saudades do Pago, Piquete Potro sem Dono e a Comunidade em Geral. Ás 10,30h foi realizada a missa criola na praça, presidida pelo Padre Décio de Rio Grande com auxilio da comunidade local. A tarde houve mateada e o encerramento deu-se por volta das 20h.
Nos últimos anos (2003-2007), foram realizadas, entrevistas com historiadores e pessoas antigas da comunidade, recuperação de arquivos e documentos exposição das antiguidades nas festas da padroeira e vários outras atividades, com o propósito de resgatar o documentar a história de nossa Igreja.
E é com base nesse trabalho que estamos apresentando o que conseguimos desvendar. Sabemos que para uma Igreja com mais de 200 anos ainda temos muito a pesquisar, mas o mais importante é preservar e continuar construindo a nossa história.
Povo Novo, novembro de 2007

Fontes utilizadas para construção do histórico
-Síntese do trabalho “origem do Povo Novo” por Cledenir Mendonça, Bacharel do 4º ano de História da Furg.
- Livro Marcílio Dias. Edgar Fontoura.
- Arquivo da Igreja Nossa Senhora das Necessidades.
- Arquivo pessoal do Sr Alcides Rodrigues da Silva o qual forneceu fotos e documentos históricos.
- Arquivo pessoal da /Sra. Ivanilda Marco.
- Frei Paulo Fioravante Zanatta - Pároco