quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Terno de Reis (FAmilia Adelores F. Souza) Povo Novo e da Ilha dos Marinheiros


Terno de Santa Ana - Chegada - Completo

1 Ó de casa nobre gente
Que tão bonita morada
Meu Senhor dono da casa
Venho ver vossa chegada

2 Oh que chegado tão linda
Nesta morada de flor
Para tocar e cantar
Licença peço ao Senhor

3 Para chegar em sua porta
Passemos por seu terreno
Para tocar e cantar
Licença peço primeiro

4 Licença peço primeiro
Faço minha obrigação
Vieram lhe visitar
Os devotos que aqui estão

5 Os devotos que aqui estão Verso criado pela família Sr. José Baldoino
Em sua porta chegar
É a família ferreira
Que veio lhe visitar

6 Vieram lhe visitar
Com prazer e alegria
Festejando Santa Ana
Por estar chegando o dia

7 A 26 de Julho
Dia dos eu nascimento
Antecipamos seu dia
Com grande contentamento

8 Santa Ana desceu do céu
Por uma escada de flor
E saiu de porta em porta
Visitando os morador

9 Santana se bem soubesse
O valor que tem seu dia
Descia do céu à terra
Grande milagre faria

10 Nossa Senhora Santana
E mãe de Santa Maria
Alegremos todos nós
Por estar chegando seu dia

11 Não há o que contar
Que cause maior prazer
São noticias de Santana
Que achamos pro lhe trazer

12 Meu Senhor dono da casa
Um favor você lhe pediu
Se houver gosto e prazer
Vossa porta vem abrir

13 Porta aberta e luz acesa
É sinal de alegria
Quero entrar com meu terno
E esta nobre companhia

14 já que nos abriu a porta
Eu já vi sua presença
Quero entrar com meu terno
Do senhor quero a licença

Saída usa o mesmo para todos os santos


Terno da Família Ferreira de Souza
Sr. Adelores F. Souza
Povo Novo – Rio Grande
Origem Tavares / Mostardas

Outros santos
Os versos da chegada do Terno seguem a sequencia completa no terno de santa Ana.
Para todos os santos 1, 2, 3, 4, 5, 12, 13, 14

São João
São João batizou Cristo
Cristo Batizou João
Todos dois são afilhados
Da Virgem da Conceição

São João é um bom santo
De grande merecimento
Basta que no dia dele
Todo sereno cai bento

São Miguel
São Miguel está n céu
Com sua balança na mão
Para pesar nossos pecados
Quando deste mundo vão

Santo Antônio a dia 13
Por ser um santo mais nobre
São João a 24
E são Pedro a 29

São Pedro está lá no céu
Com sua chave na mão
Pronto receber nossas almas
Quando deste mundo vão

São Pedro (Terno – Chegada) resumido

Ó de casa nobre gente
Que tão bonita morada
Meu senhor dono da casa
Venha ver nossa chegada

Pra chegar em sua porta
Passamos por seu terreiro
Para tocar e cantar
Licença peço primeiro

Viemos lhe visitar
Com prazer e alegria
Festejando a São Pedro
No seu verdadeiro dia (ou porque está chegando o dia)

São Pedro se bem soubesse
O valor que tem seu dia
Descia do céu a terra
Grande milagre fazia

São Pedro é um bom santo
Lá no céu é o chaveiro
E aqui no Rio Grande
Ele é nosso Padroeiro

Meu Senhor dono da casa
Um favor vou lhe pedir
Se houver gosto e prazer
Vossa porta vem abrir

Porta aberta e luz acesa
É sinal de alegria
Quero entrar com meu terno
Pra esta nobre companhia

Já que nos abriu a porta
Eu já vi sua presença
Pra entrar com meu terno
Do senhor quero licença

Terno da fam´lia Ferreira de Souza. Sr. Adelores F. Souza. Povo Novo. Origem: Tavares/ Mostardas


São Pedro (Terno –saída)

Se coloque meus cantores
Cada um em seu lugar
Vamos agradecer o terno
Teremos que caminhar

Fique com Deus nobre casa
Morada destes senhores
Eu vou dar a despedida
Com estes nobres cantores

Meu senhor dono da casa
Lhe fico muito obrigado
Pela oferta que nos deu
Pelo seu bonito agrado

Pela oferta que nos deu
Dada de tão boa mente
Santa Ana que lhe ajude
Vossos bens que lhe acrescente

Senhora dona da casa
Lhe ficamos agradecidos
Pela vossa atenção
Com que fomos recebidos

A oferta que nos deram
Já foi parar lá no céu
Nas mãos de Nossa Senhora
Coberta com linho e véu

Vamos companheiros vamos
Todos alegres e contentes
Só o pesar que levamos
De deixar tão nobre gente

Vamos companheiros vamos
Vamos não fique ninguém
Se despede nosso terno
Até pro ano que vem!

FOLCLORE

Folia de Reis
Na calada da noite, carregando lanternas, um grupo de músicos e pessoas da comunidade saem para festejar os Santos Reis.
Os ternos de Reis saem no dia 6 de janeiro e nos dias de São Manoel, Santo Antônio, São João e São Pedro, para cantar o Santinho. Os instrumentos são enfeitados com fitas coloridas e carregam estandartes com a imagem dos Três Reis Magos.
Na ilha era usado também carregar um boi, feito de couro, papel e tecido, no qual uma pessoa por baixo fazia movimentos. Quando chegaram nas residências, faziam com ele uma encenação.
A residência que recebe o terno oferece doces e licores. O estandarte é levado pela dona da casa em todas as peças da casa para receber a proteção dos Santos Reis.
O canto do dia 6 de Janeiro varia um pouco de acordo com o guia, a pessoa que puxa o canto que na maioria das vezes gosta de improvisar.

Canto do dia 6
Ao chegar à residência o guia diz “ Pedimos a permissão aos reis Belchior, Baltasar e Gaspar. Viva aos Santos Reis!” A seguir pede então permissão através de versos para entrar.

Chegando em sua porta
Na beira do seu terreiro
Viemos lhe trazer noticias
Do dia 6 de janeiro
Viemos lhe trazer noticias
Do dia 6 de janeiro

Acordai se estás dormindo
Neste sono tão profundo
Vem ouvir o nosso canto
Em louvor ao rei do mundo
Vem ouvir o nosso canto
Em louvor ao rei do mundo

Ò de casa, ó nobre gente
Vem escutar e vem ouvir
Lá da porte do oriente
Estão chegando os três reis
Lá da porta do oriente
Estão chegando os três reis

E os três reis como eram santos
Se botaram a caminhar
Para chegarem a Belém
Antes do galo cantar
Para chegarem a Belém
Antes do galo cantar

E bate as asas canta o galo
E Cristo nasceu em Belém
E respondeu Nossa Senhora
Ele nasceu pro nosso bem
E respondeu Nossa Senhora
Ele nasceu pro nosso bem

Era Herodes como malvado
E o governo como malino
Que foi guiar os santos reis
Para atravessar o caminho
Que foi guiar os santos reis
Para atravessar o caminho

Graças a Deus que eu já vejo
Uma candeia a luzir
É o senhor dono da casa
Que a porta vem abrir
É o senhor dono da casa
Que a porta vem abrir

(Depois de aberta a porta)

Quando esta porta de abriu
Deu uma luz tão luminosa
Parece até a estrela d’Alva
Lá no céu a mais brilhosa
Parece até a estrela d’Alva
Lá no céu a mais brilhosa

Oh! Senhor dono da casa
Um favor vou lhe pedir
Se o senhor nos dá licença
Prá nosso boi se divertir
Se o senhor nos dá licença
Pró nosso boi se divertir

Depois que todos entraram e começa a encenação. Os músicos tocam para o boi dançar. O boi dança e de repente começa a sentir-se mal. O domador, que tem sotaque português, levanta o rabo do boi e pergunta:

“ Ó raios! O que é que tem touro tem?”
Tenta levantá-lo mas não consegue. Então diz:
“O que é que é que eu vou fazer sem ele? Ele é que ajuda no eira”
Tenta reanimá-lo novamente. Não consegue.
“ Pois vou chamar o médico. Onde será que eu vou encontrar um médico?”
Surge então um dos componentes, vestido de branco, com um estetoscópio e uma maleta.
“Aqui estou, seu Manoel, eu sou médico!”
“Seu doutor, o meu touro está doente. Não levanta. Não se mexe!”
“Pode deixar que eu vou ver.”
O médico abre a maleta e dela retira um aparelho de injeção enorme e aplica uma injeção no boi, que começa a dar uns pulos. Depois levanta e sai dançando novamente.
Depois deste momento o guia passa o estandarte para a dona da casa, que com ele percorre a casa toda pedindo a proteção dos Santos Reis.
A seguir são servidos os doces. Se o terno pode, deixa uma recordação do ano que passou e o dono da casa agradece dando uma contribuição em dinheiro, a fim de que o terno se continue apresentando.

Ao sair, o terno se despede cantando

Esta oferta que nos deram
É tão dada boamente
Nossa Senhora que nos ajude
Seus bens que vos aumentem
Nossa senhora que nos ajude
Seus bens que vos aumentem

Essa oferta que nos deste
É mil vezes agradecida
La no reino dos céus
Será bem recebida
Lá no reino dos céus
Será bem recebida

Vou deixar a vossa porta
Com um galhinho de azevém
Adeus, senhoras e senhores
Até o ano que vem
Adeus, senhoras e senhores
Até o ano que vem

Assim seguem cantando até estarem bem afastados. Alguns versos podem ser substituídos conforme o guia.

Aqui estou à vossa porta
Recostado em seu telheiro
Vendo lhes trazer noticias
No dia 6 de janeiro
Venho lhes trazer noticias
Do dia 6 de janeiro

Senhora dona da casa
Rica floreira da horta
Com suas mão delicadas
Venho abrir-nos a porta
Com suas mãos delicadas
Venha abrir-nos a porta

Os trajes usados são capas de cetim e coroas, representando os três reis ou túnicas com estampas florais geralmente em vermelho. Na ilha geralmente caracterizavam-se com o que tinham em casa de acordo com a encenação aprasentada.

CANTO DOS SANTINHOS

Chegamos à sua porta
À beira do seu terreiro
Pro cantar e para tocar
Licença peça primeiro

Meu senhor dono da casa
Escuta do que eu vou falar
D ‘eu cantar em sua porta
Sem licença vós nos dar

Este terno que aqui canta
É um terno de boa gente
Pois são todos seus amigos
Não tem ninguém diferente

Vamos, vamos rapaziada
Vamos à praia passear
Vamos ver a lancha nova
Que do céu desceu ao mar

(Neste trecho o nome do santo é trocado conforme o dia).

Santo Antônio desceu do céu
Ele veio embarcado
Sentado em seu andor
Com seu barrete encarnado

Santo Antonio desceu do céu
Por uma escada de vidro
Para descer do céu à terra
Dentro dum Jardim florido

Meu senhor dono da casa
Escuta o que eu lhe vou pedir
Se tiveres bom coração
Sua porta vem abrir

Quando esta porta se abriu
Deu uma luz tão luminosa
Já parece uma estrela
Lá no céu a mais brilhosa

Meu senhor dono da casa
Escuta o que eu vou falar
Já que abriste a tua porta
Manda o nosso terno entrar

Entrem, entrem meu cantores
Por estes portais dourados
Santo Antônio também entra
Com seus devotos ao lado.

Anna Morisson de Azevedo, em A ILHA DOS TRES ANTONIOS, apresenta a história de sua terra nata, a ilha dos Marinheiros, localizada da Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil.

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